sábado, 26 de setembro de 2009

Outros sonhos...

Em um dia cinzento me peguei pensando sobre o que sei e sobre o que quero fazer. Não demorou até que eu começar a sentir a frustração de não ter adivinhado o meu talento, meu dom. Já tentei muito, e nada veio até mim como se fosse ficar. Tá bom, já veio. Mas fui burra o bastante para deixar passar. Meus sonhos e esperanças, minha perda de tempo e depois o arrependimento e frustração. Tudo que podia ser e não fui.
Cada dia que nasce é acompanhado de forças para correr atrás dos sonhos. Alguns simplesmentem deixam essa força presa ao travesseiro e vão viver mais um dia miserável, com uma rotina contínua e presos ao conformismo. Sou metade disso. Acordo com as forças, carrego-as comigo, mas não acho a hora correta de aplicá-las. As oportunidades que perdi em consequência disso são absurdas. Como posso ser tão estúpida ao ponto de simplesmente aceitar que nunca serei bailarina ou pianista, que nunca mudarei o mundo e que nem sequer visitarei o lugar dos meus sonhos? Aceitar que a pessoa que quero não me ama, que o vestido daquela vitrine não sera meu e que o vocalista daquela banda nunca cantará olhando em meus olhos. Sonhar todos os dias com a cena perfeita e a trilha sonora digna de Oscar, para quando amanhece tudo virar apenas lembranças e pensamentos sem valor ou sentindo. Admitamos: a maior tristeza que se pode ter na vida é ver seus sonhos desmoronarem.
Que atire a primeira pedra quem nunca chorou de frustração! Mas antes, atire quem nunca, após o choro, recuperou suas forças e decidiu lutar novamente. Quem renasceu, repensou, resonhou. Sonhos não somem simplesmente, como a chuva de verão. Eles vêm, e quando são verdadeiros colam e demoram uma vida inteira para deixar-nos (isso se resolverem fazê-lo). Desistir é tentador, mas difícil de realizar. Quem desiste carrega para o resto da vida a culpa de assassinar um sonho. Sonhos são como seres vivos, que a cada dia mudam e, ao mesmo tempo, permanecem iguais.
Mas, apesar disso, sonhos devem ser tratados como sonhos, e não como pessoas. São seres que crescem sozinhos, não precisam de ordens para tomar o poder de modificarem-se, crescerem ou morrerem. Têm liberdade para serem. Por isso se tornam cada vez mais escassos: hoje em dia, é raro ser e continuar assim...