terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ela afunda.

Seria como dormir e nunca mais acordar. Entrar em um buraco sem fundo, sem luz, sem ar. Não saber mais para onde olhar ou no que acreditar. Não saber se pode confiar no próprio coração nem nos próprios pulmões. Saber que não está sozinho, mas sentir-se como se estivesse em uma ilha deserta, e sua única companhia fosse um coqueiro morto.
Seria como se tudo que você acreditasse virasse poeira cósmica e saísse voando pelo universo até ele acabar. Como se seu cérebro fosse apenas um objeto sem valor, um peso a mais para se carregar. Tudo que você pensou estava errado, tudo que você sentiu era falso, você nunca viveu e sente que nunca viverá. Ainda veste o verde em busca da esperança, mas sabe que ela já se foi muito antes de você sequer perceber...
Ainda procura o amor nas profundas dissecações dos atos alheios, busca a paz em um lençol branco ou a saúde em uma cápsula bicolor. Busca os sentimentos nos olhos anônimos e tenta em vão capturá-los para si. Batalha para sorrir todos os dias, mente melhor do que fala a verdade e, por conta disso, acaba acreditando nas próprias ficções...
Ela afunda. Ela afunda no próprio amor. Ela afunda na própria esperança. Ela afunda sem perceber. E quando se der conta já estará fundo demais para voltar intacta...